O MEU PREÇO
Eu cidadão anónimo
do País que mais amo sem dizer o nome
se é para me dar de corpo e alma
dou-me todo como daquela vez em chaimite.
Dou-me em troca de mil crianças felizes
nenhum velho a pedir esmola
uma escola em cada bairro
salário justo nas oficinas
filas de camiões carregados de hortaliças
um exercício de operários todos com serviço
um tesouro de belas raparigas maravilhando as praias e ao vento da minha terra uma bandeira sem quinas,
Se é para me dar
Dou-me de graça por conta disso
Mas se é para me vender
vendo-me mas vendo-me muito caro.
Ao preço incondicional
De quanto me pode custar este poema
(Dezembro/1969)
Craveirinha, José,Cela 1, Maputo, Instituto Nacional do Livro e do disco,1980
Comentários
Enviar um comentário